quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Agência de petróleo depende de carona em helicópteros

Uso de veículos das petroleiras evita as fiscalizações de surpresa; ANP também sofre com a falta de pessoal
Sérgio Torres / RIO
Encarregada de coordenar a fiscalização da produção e exploração petrolífera no Brasil, no mar e em terra, a Coordenadoria de Segurança Operacional da Agência Nacional do Petróleo (ANP) precisa pedir carona nos helicópteros das petroleiras para visitar as plataformas. Também falta pessoal.São13funcionáriospara vistoriar 26 mil poços.
Sem helicóptero próprio, a coordenadoria não pode fazer incursões de surpresa para flagrar irregularidades nem tem condições de checar, antes do início da exploração, se a companhia está cumprindo o que determina o contrato ou se tem os equipamentos adequados ao trabalho.
Foi o que aconteceu no Campo de Frade, onde vaza petróleo desde o último dia 8. A ANP não esteve na plataforma antes de a extração ser iniciada, em 2009.
Apenas no dia 17,em nota oficial, a agência se refere à presença de um técnico dentro da plataforma que operava o poço, acidentado nove dias antes. O profissional viajou até lá em helicóptero providenciado pela petroleira Chevron, operadora do campo.
A informação é da própria ANP.
Quando há a necessidade de visitar uma plataforma, a ANP avisa com antecedência a petroleira, que disponibiliza um helicóptero.

Para técnicos da agência, a falta de estrutura pode propiciar fraudes. Um profissional que pediu para não ser identificado disse que a ANP faz, na prática, "uma fiscalização de papel".
A grava a situação a carência de pessoal.A coordenadoria tem 16 trabalhadores. Dentre eles, uma secretária e dois estagiários. Sobram13( entre engenheiros,geólogos e advogados, estes restritos à análise jurídica)para tomar conta de todo o setor petrolífero nacional. "Uma atuação basicamente de escritório", completa o técnico ouvido pelo Estado.
O chefe de gabinete da ANP, Luiz Eduardo Duque Dutra, disse ontem em palestra no Rio que a agência precisa formar "quadros"." É o ponto crucial. A segurança operacional na indústria do petróleo é extremamente relevante." Após o evento, Dutra afirmou que trabalham na agência cerca de 700 profissionais, sendo que a maioria tem a partir de50 anos ou menos de 30,o que cria "um gap geracional".
Segundo ele, a ANP deve realizar, no ano que vem,um concurso para a contratar cerca de 150 funcionários - a maior parte deles de nível técnico.

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